O dia em que o branded content alcançou a Sétima Arte
Como um curta produzido para a LATAM Airlines chegou a Hollywood
Quando um filme produzido para uma marca entra para a seleção oficial de um festival internacional de cinema, é sinal de que o branded contentconquistou seu lugar ao sol na competitiva indústria do entretenimento. Foi o que aconteceu com o nosso curta-metragem “Reencontro”, selecionado para o LA Shorts, um dos únicos festivais do gênero reconhecidos pela Academy Awards, cujos vencedores são elegíveis ao Oscar. Sim, uma marca batendo na porta do Oscar.
Como chegamos tão longe? Pensando em cinema — não em propaganda — desde o início. O briefing que recebemos da LATAM foi: “queremos ideias de curta-metragens que expressem o nosso momento”. Na época, o momento eram os Jogos Olímpicos, patrocinados pela marca. Foi então que fizemos o nosso trabalho, seguindo um workflow semelhante ao de uma produção de cinema. O processo criativo está detalhado neste outro artigo.
Não existe fórmula pronta para o sucesso, mas eu me arrisco a listar alguns pontos que certamente vão além do alinhamento dos astros, para justificar nosso feito:
- Maturidade da marca;
- Relação horizontal de parceria, não de cliente-fornecedor;
- Liberdade autoral;
- Tempo para fazer o projeto direito, sem atropelamento de cronograma;
- Equipe de filmagem com as pessoas mais talentosas que conhecemos;
- Entendimento da marca em transmitir suas mensagens e valores através da história, sem querer roubar a cena com exposição forçada de produto.
- Encadeamento de emoções e conflitos que fogem do mood “família margarina” da publicidade.
- Direção de atores trabalhando várias camadas de profundidade nos personagens, explorando os subtextos do roteiro;
- Produtores de áudio (mdois) com sensibilidade para interpretar a história, dar profundidade às cenas e conduzir a emoção do espectador.
- Verossimilhança nos mínimos detalhes (vide a cena da raquetinha de pernilongo);
- Respeito da marca ao tempo do filme. Drama é feito de silêncios.
Quando o Jorge Brivilati e eu fundamos a La Casa de la Madre, nós partimos da certeza de que HISTÓRIAS MUDAM O MUNDO e que as marcas podem ser contadoras de grandes histórias. Ao optarmos por inscrever este filme apenas em festivais de cinema e, agora, colhendo o resultado, nós não apenas mostramos ao mercado publicitário brasileiro que o storytelling pode ser uma ótima estratégia para falar com o coração das pessoas, como provamos para nós mesmos que estamos no caminho certo. E, no momento, estamos a caminho de Hollywood. Quem nos acompanha?
André Castilho é CEO e roteirista da La Casa de la Madre
Assista ao making of: