Empreendedorismo para subversivos: modo de fazer

Subversivos e empreendedores

O subversivo não é nada mais do que um questionador nato, um destruidor de conceitos pré-existentes, um desobediente por natureza. Ao visualizarmos um modelo de empreendedor, por exemplo, é comum que nos deparemos com um homem de terno, pasta de couro e totalmente inclinado para o sucesso, mas pasme: as definições sobre ser uma pessoa bem-sucedida foram atualizadas. Afinal, com o excesso de informações que temos e a quantidade quase infinita de decisões que precisamos tomar por dia, nos tornamos mais questionadores desses modelos que pareceram ser o certo durante décadas.

Facundo Guerra, o autor do livro “Empreendedorismo para subversivos”, conta um pouco da trajetória dele, como empresário da noite paulistana, destacando todos os erros e acertos que o levaram a ser um dos empresários mais bem-sucedidos do país, sem a imagem idealizada do empreendedor, mas sim com a honestidade cortante de uma navalha: “você vai falhar infinitas vezes e precisa aprender a lidar com isso.” E mais: sobre encontrar o real propósito de empreender que tem muito pouco a ver com ficar rico e ser livre, e muito mais a ver com inovar e deixar um legado no mundo.

Empreender, portanto, está muito distante do conforto tão desejado por muitos. A inquietação e a exigência consigo mesmo são constantes e devem, sim, fazer parte do frio na barriga que todo empreendedor sente quando está no caminho certo. Contudo, é preciso se preparar especialmente para as dolorosas perdas que são parte indissociável de quem tem o próprio negócio e não vai desistir do que realmente acredita. Não é que você deva viver no “Mundo de Pollyana”, onde tudo é colorido e dá certo, mas que você tenha sim a capacidade e a força de levantar a cada queda – o que só faz sentido diante de um propósito real, que deve estar alinhado aos seus valores e à sua visão de mundo.

Notas sobre ser um subversivo

Boa parte das pessoas foi criada para obedecer e copiar. Quando encontramos pessoas subversivas, portanto, é comum que as taxemos de loucas ou mesmo inconsequentes somente por não estarem dentro do padrão vigente. Erasmo de Roterdã, consagrado teólogo e humanista holandês, escreveu no ano de 1509, o clássico “Elogio da Loucura” que, em suma, destaca o quanto é bom para nós humanos, termos alguns acessos de “loucura” de vez em quando. E que sem ela, não faríamos nem um terço das coisas que amamos. Isso tem muito a ver com ousadia e com questionar algumas regras que não parecem fazer sentido. É por meio da subversão que encontramos formas diferentes de criar novas invenções e, bem, é isso que nos diferencia de qualquer outro ser humano no mundo.

As exigências dos novos tempos para os empreendedores

Há cerca de dez anos, ninguém ousaria cunhar um termo chamado FOBO (fear of the best option) – que consiste no medo que nós temos de fazer alguma escolha errada diante das infinitas opções que temos. Antes, contávamos apenas com duas marcas de creme dental no supermercado (alguém aí se lembra da Kolynos?), enquanto hoje, são quase dezenas de marcas implorando pela nossa atenção nas gôndolas – isso só para a sua higiene dental de cada dia. Imagina só repetir essa sensação terrível de estar sempre escolhendo a coisa errada para tudo o que você precisa usar? Então, nada mais subversivo do que ousar na criação de uma marca que se conecta com o consumidor em todas as instâncias – que faz parte do estilo de vida que ele deseja ter ou tem. E mais: que o consumidor tenha afinidade com a sua empresa a ponto de se tornar um verdadeiro evangelizador da sua marca. Isso é subversivo ou não é?

As pessoas estão cansadas do “mais do mesmo”

Recentemente, ao procurar um filme para assistir, deparei-me com um que eu já assisti umas 5 vezes: “Na Natureza Selvagem”. O enredo conta a história de um jovem de classe média alta, recém-saído da faculdade, mas que queria muito mais do que apenas ser “mais um”. Em busca de respostas, ele encara a natureza, e sozinho, faz uma viagem para se auto descobrir. Histórias como estas estão se tornando cada vez mais comuns, especialmente entre os mais jovens e tudo isso para mostrar que as pessoas estão questionando as suas próprias realidades. 

Por isso, nada mais justo do que criar modelos de negócios para pessoas que possuem sede de viver e de subverter a ordem vigente. É uma tendência, que os consumidores busquem empresas e marcas alinhadas a seus valores de vida – que podem incluir questões ambientais, de gênero e de estilo de vida, como o minimalismo, por exemplo. E para atender a essa demanda, precisamos estar atentos aos sinais que o mundo e as pessoas nos emitem. Ser subversivo é, sobretudo, muito mais andar na rua por aí, ouvindo pessoas, do que montando um business plan no escritório.

Gostou? Então, que subvertamos mais por aí!

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