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Empreendedorismo para subversivos: modo de fazer

By | criatividade, empreendedorismo

Subversivos e empreendedores

O subversivo não é nada mais do que um questionador nato, um destruidor de conceitos pré-existentes, um desobediente por natureza. Ao visualizarmos um modelo de empreendedor, por exemplo, é comum que nos deparemos com um homem de terno, pasta de couro e totalmente inclinado para o sucesso, mas pasme: as definições sobre ser uma pessoa bem-sucedida foram atualizadas. Afinal, com o excesso de informações que temos e a quantidade quase infinita de decisões que precisamos tomar por dia, nos tornamos mais questionadores desses modelos que pareceram ser o certo durante décadas.

Facundo Guerra, o autor do livro “Empreendedorismo para subversivos”, conta um pouco da trajetória dele, como empresário da noite paulistana, destacando todos os erros e acertos que o levaram a ser um dos empresários mais bem-sucedidos do país, sem a imagem idealizada do empreendedor, mas sim com a honestidade cortante de uma navalha: “você vai falhar infinitas vezes e precisa aprender a lidar com isso.” E mais: sobre encontrar o real propósito de empreender que tem muito pouco a ver com ficar rico e ser livre, e muito mais a ver com inovar e deixar um legado no mundo.

Empreender, portanto, está muito distante do conforto tão desejado por muitos. A inquietação e a exigência consigo mesmo são constantes e devem, sim, fazer parte do frio na barriga que todo empreendedor sente quando está no caminho certo. Contudo, é preciso se preparar especialmente para as dolorosas perdas que são parte indissociável de quem tem o próprio negócio e não vai desistir do que realmente acredita. Não é que você deva viver no “Mundo de Pollyana”, onde tudo é colorido e dá certo, mas que você tenha sim a capacidade e a força de levantar a cada queda – o que só faz sentido diante de um propósito real, que deve estar alinhado aos seus valores e à sua visão de mundo.

Notas sobre ser um subversivo

Boa parte das pessoas foi criada para obedecer e copiar. Quando encontramos pessoas subversivas, portanto, é comum que as taxemos de loucas ou mesmo inconsequentes somente por não estarem dentro do padrão vigente. Erasmo de Roterdã, consagrado teólogo e humanista holandês, escreveu no ano de 1509, o clássico “Elogio da Loucura” que, em suma, destaca o quanto é bom para nós humanos, termos alguns acessos de “loucura” de vez em quando. E que sem ela, não faríamos nem um terço das coisas que amamos. Isso tem muito a ver com ousadia e com questionar algumas regras que não parecem fazer sentido. É por meio da subversão que encontramos formas diferentes de criar novas invenções e, bem, é isso que nos diferencia de qualquer outro ser humano no mundo.

As exigências dos novos tempos para os empreendedores

Há cerca de dez anos, ninguém ousaria cunhar um termo chamado FOBO (fear of the best option) – que consiste no medo que nós temos de fazer alguma escolha errada diante das infinitas opções que temos. Antes, contávamos apenas com duas marcas de creme dental no supermercado (alguém aí se lembra da Kolynos?), enquanto hoje, são quase dezenas de marcas implorando pela nossa atenção nas gôndolas – isso só para a sua higiene dental de cada dia. Imagina só repetir essa sensação terrível de estar sempre escolhendo a coisa errada para tudo o que você precisa usar? Então, nada mais subversivo do que ousar na criação de uma marca que se conecta com o consumidor em todas as instâncias – que faz parte do estilo de vida que ele deseja ter ou tem. E mais: que o consumidor tenha afinidade com a sua empresa a ponto de se tornar um verdadeiro evangelizador da sua marca. Isso é subversivo ou não é?

As pessoas estão cansadas do “mais do mesmo”

Recentemente, ao procurar um filme para assistir, deparei-me com um que eu já assisti umas 5 vezes: “Na Natureza Selvagem”. O enredo conta a história de um jovem de classe média alta, recém-saído da faculdade, mas que queria muito mais do que apenas ser “mais um”. Em busca de respostas, ele encara a natureza, e sozinho, faz uma viagem para se auto descobrir. Histórias como estas estão se tornando cada vez mais comuns, especialmente entre os mais jovens e tudo isso para mostrar que as pessoas estão questionando as suas próprias realidades. 

Por isso, nada mais justo do que criar modelos de negócios para pessoas que possuem sede de viver e de subverter a ordem vigente. É uma tendência, que os consumidores busquem empresas e marcas alinhadas a seus valores de vida – que podem incluir questões ambientais, de gênero e de estilo de vida, como o minimalismo, por exemplo. E para atender a essa demanda, precisamos estar atentos aos sinais que o mundo e as pessoas nos emitem. Ser subversivo é, sobretudo, muito mais andar na rua por aí, ouvindo pessoas, do que montando um business plan no escritório.

Gostou? Então, que subvertamos mais por aí!

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Data storytelling: dados que contam histórias

By | criatividade, empreendedorismo, storytelling

Data storytelling: dados que contam histórias

Um amigo da época da faculdade teve a ideia de realizar um evento que, para muitos (me incluindo nessa), é pra lá de chato: encontro da turma depois de trocentos anos. Algumas pessoas parecem ter repulsa em revirar um passado que ficou nas mesas da faculdade ou do bar, mas eu realmente me empolguei com a ideia. Sugeri um boteco sujo onde costumávamos fugir das aulas e criei um grupo no Whatsapp para que pudéssemos nos comunicar por lá. Uns nos acharam, outros foram achados e, para a minha surpresa, conseguimos reunir 20 pessoas da época para confraternizar e reviver os velhos tempos.

Neste grupo, compartilhamos fotos antigas, contamos as novidades uns para os outros e fizemos o aquecimento para o encontro real de nós todos, que não seria mais no boteco imundo de sempre. A pedido de cinco amigos que tinham filhos, seria na casa de um deles, para que as crianças ficassem num ambiente mais familiar. Chegou o dia tão esperado. Fui de Uber a uma loja comprar bebidas e alguns petiscos, passei no cartão de crédito, e me encaminhei até à casa do meu amigo. O motorista do carro era guiado pelo Waze e, eu no caminho, curtia fotos no Instagram de outros amigos. A corrida foi debitada do meu cartão e ao chegar, fui recebido por abraços de pessoas que não encontrava há anos.

Como cheguei tarde, boa parte da galera já estava lá e, uma amiga nossa, a Fê, sugeriu que tirássemos uma foto para que ela pudesse colocar no “Stories” do Instagram. Logo depois, no feed dela, apareceu um anúncio de uma empresa (que agora não me lembro o nome) que imprimia fotos pelas hashtags, #friendship: “Eternize os bons momentos com velhos amigos” era o mote. Apesar de ter me sentido levemente perseguido, fiquei envolvido na possibilidade de colocar a foto daqueles abraços no mural do meu quarto.

Vivemos ali momentos de nostalgia e emoção, compartilhados com outros amigos de nossas redes sociais. Enquanto isso, no submundo dos algoritmos, eram gerados uma infinidade de dados que as empresas detêm para nos fazer ofertas de produtos e serviços cada vez mais personalizados às nossas necessidades, muitas vezes embalados em uma história envolvente e emocional, o que aumenta ainda mais o poder dos dados.

É interessante perceber o quanto as boas histórias nos conectam com outros seres humanos. Estamos sempre alerta para saber o final, para ver se encontramos algo para nos inspirar ou mesmo para se conectar com realidades que se parecem muito com as nossas. Te soou familiar esse trajeto? É, eu sei que sim. Por isso é que as organizações não devem perder de vista a utilização dos dados em suas estratégias, seja de marketing, seja de RH, seja de finanças. E para facilitar o uso, a troca e o compartilhamento do conhecimento desses dados – que, por muitos anos ficaram somente nas mãos da área de TI, o data storytelling pode ser uma aliado poderoso nessas estratégias.

O que é data storytelling?

Data Storytelling é uma metodologia para comunicar dados por meio de histórias, ou seja, facilitar o entendimento dos dados com imagens, infográficos e vídeos para um público específico. É um recurso poderoso para melhorar a sua apresentação de relatórios, palestras, aulas e resultados. Isso porque nós, humanos, somos aficionados por boas histórias e costumamos prestar muito mais atenção nelas do que, necessariamente, em dados que pouco parecem se conectar a alguma realidade. Pense naqueles vídeos que mesclam números com pessoas para mostrar uma determinada informação. Eles são muito mais interessantes do que quaisquer outros, certo? Certo!

Como criar narrativas envolventes com análise de dados?

Diversos recursos podem ser utilizados para criar narrativas envolventes. Especialmente a utilização de vídeos, imagens, cores, infográficos, ícones e símbolos. Antes de começar, todavia, é preciso conhecer bem o público que você deseja se comunicar para que a narrativa desenvolvida se conecte com a realidade dele e que comungue com os seus princípios e propósitos de vida. Para ter sucesso, conheça bem a sua audiência.

Explicando dados para qualquer pessoa

Uma característica fundamental do data storytelling é a capacidade de simplificar o entendimento de dados para qualquer pessoa. É uma solução capaz de analisar dados, cruzá-los e apresentá-los a quem precisa ouvi-los. Assim, os tomadores de decisão conseguem fazer análises preditivas por meio de uma apresentação concisa, bem embasada, prática e que engaja praticamente qualquer público. Ou seja, muito mais importante do que simplesmente ter dados nas mãos, é saber o que fazer com eles para promover transformações e provocar insights ainda mais criativos e decisões cada vez mais conectadas com o propósito de ser da organização.

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Criatividade e empreendedorismo: tudo a ver

By | criatividade, empreendedorismo

Criatividade e empreendedorismo: tudo a ver!

 

Os manuais de negócio que me perdoem, mas o que mais tem a ver com empreendedorismo é a criatividade. Antes até de montar um plano de negócio, de juntar dinheiro, de buscar um financiamento, o que você mais precisa é de criatividade. Agora, esquece aquela ideia do criativo como um gênio solitário isolado numa montanha tibetana. O criativo está no dia a dia, está no mundo – e a grande característica dele é ser um observador atento. Um ser incansável em busca de soluções para tudo que é tipo de coisa.

Calma! Também não estou incentivando uma total subversão, tampouco a dispensa do planejamento que qualquer negócio precisa. É mais uma abertura para que você desça do salto ou tire o terno, para arregaçar as mangas e começar debaixo. Olhe o feirante, o carrinho de pipoca, o churros gourmet que vende no parque perto da sua casa. O que eles fazem de diferente? Como eles conquistam os clientes deles? É o sorriso? É o tempero que acompanha a família há séculos? Não sei. A dica que eu te dou é que você vá descobrir.

Depois do feeling, da observação, da escuta atenta e de ter um monte de ideias, comece daí a sua imersão no que pode se tornar o seu futuro negócio. E prepare-se: você vai falhar. Mas não se preocupe – faz parte do processo começar tudo de novo.

Para empreender, feeling e ousadia

Um insight é aquela fagulha que você não sabe de onde vem. Um estalo que pode permitir uma decisão brilhante que vai mudar toda a sua vida. Exemplo clássico disso é aquela conversa de fim de semana, quando seu amigo que está cansado do emprego atual, lhe propõe “abrir um negócio novo”. Tenho certeza de que aquilo vai ficar martelando na sua cabeça por algumas horas, dias, meses e anos – até que você pense com carinho sobre o tema. Ao pensar sobre, você busca o momento exato para começar com esse projeto ousado. Esse momento nunca vem. Sabe por quê? Porque você não consegue se escutar. Porque não está preparado para o feeling que precisa para mudar de atitude. Para desenvolvê-lo, busque o autoconhecimento para saber a hora certa de dar esse grande passo. A sua intuição deve atuar como aliada e nunca como inimiga. Medite para controlar seus pensamentos e silenciar as vozes que dizem que você não é capaz – a ousadia vem logo depois.

Humildade para escutar o que o cliente deseja

Tire a pasta de couro da mão, desça do salto, bote uma camiseta leve, uma calça jeans e saia com um caderno nas mãos. Vá observar pessoas. Pense como o seu cliente pensaria. Delimite bem o seu público ao olhar seus desejos, aspirações, interesses, poder aquisitivo e mais: saiba como agradá-lo. Esforce-se para o bom atendimento em todas as esferas para encantar a pessoa que vai até o seu negócio. Adoro quando eu vou a um restaurante e o dono do local vai nas mesas cumprimentar as pessoas, indicar um prato ou mesmo senta-se para conversar de maneira despretensiosa com os clientes. Isso se torna uma característica do espaço, que de tão acolhedor, traz mais pessoas para perto.

Copie para melhorar, nunca para plagiar

Sabe benchmarking? Acho que muita gente faz errado. Porque ao invés de copiarem para aprimorar uma ideia, adaptando-a, copiam-na apenas porque deu certo em determinado lugar. Veja, não é porque deu certo vender pipoca gourmet no aeroporto, que daria certo vendê-la na sua vizinhança. Por isso, ao invés de focar somente no produto em si, que tal pensar no formato de atendimento, nas embalagens e em outros fatores que fazem dessa pipoca um produto único para os seus clientes? Do que as pessoas da seu bairro gostam? Esqueça as planilhas, faça uma andança por aí.

Não se preocupe, você vai falhar

E vai por mim: faz parte do processo. Parece clichê dizer que o mais importante é levantar, mas eu acrescento que mais necessário ainda é levantar com um plano B. Por que não deu certo? Como posso fazer diferente? Eu entendo que falhar é terrível e que parece que há diversas pessoas apontando para você, mas não se preocupe. Só você conhece a sua história e não há ninguém mais apropriado no mundo para recomeçar do que você mesmo. Como num jogo de tabuleiro, volte três casas e aprecie o percurso. Nem sempre chegar ao final é o mais importante – mais vale o prazer de jogar.

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Como atingir um estado de flow?

By | criatividade, empreendedorismo

O estado de flow é único. Aproveite as vantagens!

 

Flow, em tradução livre, quer dizer fluxo. E quando eu imagino o “fluir”, penso imediatamente no estado natural das coisas – no mar, num rio, numa cachoeira. O pesquisador Mihaly Csikszentmihalyi, autor do livro FLOW – The psycology of optimal experience, após pesquisar sobre o que levam as pessoas a um estado de êxtase e felicidade, confirmou as minhas expectativas. Fluir é ter plena consciência do que faz e sentir um senso de propósito com as próprias ações no mundo.

Nós entendemos o papel que cada recurso natural tem na nossa vida. O rio, o mar, o sol, as árvores e toda a natureza exercem seus papeis diariamente para o ciclo natural que alimenta o planeta terra. Mas, e você, tem noção de qual é o seu senso de propósito? Sabe o que está fazendo aqui no planeta terra? Se ainda não sabe, não se preocupe. É mais comum do que se parece, especialmente nos dias de hoje.

Pesquisa do instituto Gallup entrevistou mais de 154 mil pessoas em 146 países e concluiu que nos últimos dez anos, a taxa de felicidade atingiu seu menor nível. Excetuando situações catastróficas como conflitos e guerras, por que será que estamos tão infelizes? Creio que além da falta de propósito, nunca estivemos tão ansiosos. E, bem, para combater essa ansiedade e o excesso de informação, precisamos encontrar o que nos traz realização pessoal e isso vai desde tarefas simples, como dançar e ouvir música, até empreender, por exemplo. Acompanhe mais dicas de como chegar lá!

O que é o estado de flow?

É fácil reconhecer o estado de flow. Sabe quando você vai ao show de um cantor que você gosta e ao olhar para ele, percebe que ele está praticamente em transe – de olhos fechados, concentrado e pleno ao encantar uma multidão? Flow. Freddie Mercury no Estádio de Wembley cantando “Love of my life” e regendo milhares de pessoas? Flow. Um professor de literatura apaixonado ao falar de seu livro preferido a uma turma de alunos? Flow. Você, fazendo aquilo que mais gosta – pode ser crochê, cozinhar, caminhada no mato, corrida, arrumar a casa – olhar no relógio e perceber que o tempo passou tão rápido que você nem viu? Flow.

Sete condições para o estado de flow

Segundo Mihaly, existem sete condições que caracterizam o estado de flow, que, de acordo com as pesquisas dele, conduzem à felicidade e à alegria da realização – que pode ocorrer inclusive no ambiente de trabalho. Para ele, outra condição importante para o estado de flow, é ter experiência no que faz – cerca de dez anos trabalhando na mesma atividade e se aprimorando nela. O processo, portanto, não é fácil, tampouco simples. No entanto, a prática no que você gosta de fazer torna as coisas infinitamente mais simples.

  • Envolvimento total na atividade (foco e concentração);
  • Senso de êxtase (de estar fora da realidade);
  • Saber o que precisa ser feito e saber exatamente como se faz;
  • Habilidades adequadas para determinada tarefa;
  • Nenhuma preocupação com a opinião dos outros e vontade de crescer;
  • Perda total da noção do tempo;
  • O resultado do trabalho é uma recompensa.

A importância de ter feedbacks constantes

Para alcançar o estado de flow, conte com o apoio de alguém muito importante para você. Praticamente um mentor, que te dará feedbacks constantes sobre o seu trabalho e os seus feitos – para o caso de trabalhos criativos. Aceite o feedback e aprimore sempre o que você faz para trazer ainda mais brilho e consistência ao seu trabalho e para crescer ainda mais o seu senso de realização.

Ajude pessoas e trabalhe por um objetivo coletivo

Se quiser aumentar o seu senso de propósito, ajude mais pessoas a chegarem onde você chegou. Atue como o mentor que você teve. Dê conselhos, feedbacks, ministre cursos e ensine pessoas. Quando trabalhamos por um objetivo maior e quando ajudamos outras pessoas, o nosso senso de propósito e de missão nos leva a um patamar de consciência maior e amplia a nossa importância como seres humanos. O trabalho voluntário também é uma forma valiosa para nos colocar em estado de flow, para nos ajudar a descobrir mais humanidade nos nossos dias.

O que faz você estar em estado de flow? Faça isso mais vezes!

Abraço,

André Castilho

Como ser criativo em tempos de crise?

By | criatividade, empreendedorismo

Criatividade em tempos de crise: essencial

Instabilidade política, problemas econômicos, corrupção, criminalidade. É realmente uma pena que palavras como essas tenham se naturalizado tanto, a ponto de parecer que não há mais saída. Embora a palavra crise, do latim krisis, que quer dizer sentença, ameaça ou decisão, já faça parte do cotidiano brasileiro, vemos muita gente acordando todos os dias para fazer o que acredita, para fazer o bem e para construir novas pontes. E sim, são elas que me inspiram a ter um cotidiano mais criativo, mais simples e mais humano.

Eu costumo passar todos os dias em frente a uma faculdade, onde, na calçada, tem uma moça que sempre vende brigadeiros de vários sabores. No dia que eu comprei o meu preferido, ela me entregou dois papéis: um cartão fidelidade e um que ela pedia sugestão para novos sabores. Achei deliciosamente criativo ela pedir isso aos clientes. E mais: toda sexta-feira, ela fazia o sabor mais votado pelos fregueses. Então, enquanto muita gente pensa que a criatividade é quase uma fagulha inalcançável, há pessoas com soluções simples na palma da mão. E que sim, fazem acontecer e realizam para que o seu negócio se torne um verdadeiro diferencial.

A crise é a convocação para a parceria e o prenúncio da oportunidade. São em tempos como estes que costumamos nos dar as mãos e ajudar-nos uns aos outros a construir algo melhor e é por meio da colaboração que conseguimos ter novas ideias, desbravar universos novos e genuinamente criativos. A criatividade não vive na Arcádia grega tocando lira com os deuses – ela está no meio da rua, no meio da gente, na saída da escola, em um passeio com o cachorro. O que não dá é para desanimar e deixar de exercer a criatividade por falta de dinheiro, por exemplo.

Eu diria até que as soluções mais criativas que eu conheço foram criadas em cenários altamente desafiadores, por pessoas que não tiveram medo e puderam contar com uma rede de apoio e acolhimento para as suas ideias. Mas, ainda que você não possa contar nem com isso, não desista. Continue ampliando o seu repertório criativo, colhendo fontes, informações, dados e conversando com as pessoas. Ou, simplesmente praticando a “escutatória”. Em qualquer lugar há uma história esperado para ser captada. Exemplo disso é um restaurante que resolveu contratar apenas avós para cozinhar, afinal, somente elas poderiam fazer uma autêntica “comida de vó”. Posso assegurar que essa ideia deve ter surgido depois de alguém ter passado a tarde inteira na casa da vovó comendo guloseimas e ouvindo boas histórias.

Insisto muito para que fiquemos sempre atentos. Ser criativo não depende de recurso financeiro algum. Tem muito mais a ver com sensibilidade, vontade de transformar a realidade, determinação, bondade e muito trabalho. Qual é o custo, por exemplo, de uma caminhada em um parque próximo com um bloquinho na mão nas primeiras horas da manhã? Há tanto para ver e enxergar beleza na simplicidade que a crise não pode jamais ser um fator limitante para a vida criativa. Se há mesmo tantas boas ideias só esperando para sair do papel, por que não começar agora? E procurar parceiros, editais de fomento e tantas outras oportunidades para você, de fato, deslanchar? Siga com coragem, não naturalize o mal dos dias e nunca tenha medo de ser quem você é.

P.S.: A maioria dos grandes negócios nasceu em momentos de crise ou por necessidade. Acredite na sua ideia, trabalhe muito e faça acontecer.

Abraço,

André Castilho

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Alimente a sua vida criativa

By | criatividade, empreendedorismo

Vida criativa sem medo? É só chegar!

A criatividade está sempre cercada de mitos e boa parte deles é responsável por colocá-la em um pedestal inalcançável. Aquela lâmpada que acende quando aparecem as ideias geniais nos desenhos animados tem muito pouco a ver com criatividade, por exemplo, e sim, com o início de um despertar, mas que precisa constantemente ser alimentado. Com o que e como você tem alimentado a sua vida criativa?

Bom, deixa eu explicar melhor. Esse lance de iluminação, de inspiração e de ideia genial que vem do nada está muito distante do que a criatividade realmente parece ser, ou precisa ser para que você se torne alguém criativo. E quando eu falo isso, é comum que muita gente se assuste ou até que me ache pretensioso, afinal, eu já trabalho com isso há muito tempo. É como se eu quisesse fazer algo complexo parecer muito simples.

Mas, não se engane, caro padawan: é simples mesmo!

Quando você entender que qualquer criação sua, seja ela qual for, é um filhotinho que precisa ser alimentado constantemente, vai ficar muito mais simples de te mostrar o quanto nós subestimamos o poder do cultivo das boas ideias reduzindo-as a meras fagulhas que demoram a aparecer e que, quando aparecem, devem ser levadas às últimas consequências, quando na verdade não funciona bem assim. Quer ver?

Criatividade é colaboração: uma mente ligada a outras mentes

“Pessoas normais falam sobre coisas, pessoas mesquinhas falam sobre pessoas e pessoas sábias falam de ideias.” – ao buscar essa frase no Google e clicar no Google Imagens, percebi que ela é atribuída a uma série de pessoas: de Leandro Karnal a Clarice Lispector, de Confúcio a Aristóteles. Mas, fique tranquilo, pois todos eles estão cobertos de razão. Diante disso, cabe pensar: qual foi a última vez que você parou para falar sobre as suas ideias? Pois, saiba que falar sobre elas é um dos alimentos mais saudáveis para que elas ganhem novos contornos. Exercite o hábito de compartilhar suas ideias e insights com quem está disposto a te ouvir, tanto para te apoiar, quanto para te criticar. Procure apoiadores e permita que eles possam compartilhar e contribuir. Hoje em dia, isso está ainda mais fácil com a utilização da internet. Não tenha medo de se expor e buscar grupos de discussão que são adeptos do que você acredita. Grandes ideias nascem de outras, pode apostar!

Pratique o desapego das suas ideias e compartilhe

Para compartilhar, contudo, é preciso desapegar. Não dá para se comportar como um acumulador de ideias e dados em um mundo como o nosso, de informações em escala exponencial. Assim como não dá para ser uma máquina-de-spam-ambulante, que só fala e não escuta. O equilíbrio está em compartilhar o que você tem e ouvir o que o outro tem para, a partir daí, surgir algo completamente novo para ambos. Ideias novas não podem e nem servem para enferrujar. Dê a elas o que elas precisam: movimento. A sua criatividade agradece.

Guarde e preserve o seu repositório de ideias

Tá, eu sei que é difícil ter à mão um caderno e uma caneta toda hora. Mas você pode, por exemplo, gravar. Que tal começar a gravar algumas vozes da sua cabeça? Alguns poemas, músicas, observações engraçadas sobre a vida e insights? Você vai se surpreender ao encontrar essas gravações que podem se tornar um repertório bastante produtivo para compor ideias novas. Então, organize o seu repositório, de preferência em um lugar só. Acho que o Evernote, por exemplo, é um ótimo recurso por isso. Dá para guardar áudio, vídeo, foto e o que mais você precisar para alimentar a sua vida criativa. Para quem trabalha com imagens, o Pinterest é, sem dúvidas, um excelente arquivo de referências para desenvolver a criatividade. Enfim, encontre o seu método, seja fiel a ele e cuide com carinho do seu repertório.

Não tenha medo de ser um amador: entusiasmo é contagioso

O mundo está mudando tão rápido que está transformando TODOS em amadores. É como se não pudéssemos mais acompanhar a quantidade de cursos e qualificações necessárias para se tornar um exímio profissional. Por isso, não dá para ter medo de ser “amador” e falar com paixão e entusiasmo do que você gosta e acredita. Não significa, é claro, que você não deva buscar qualificação em determinada área do conhecimento, mas sim, que saiba respeitar o seu tempo e abraçar o desconhecido para descobrir novos hobbies, rotinas e prazeres.

Aprenda a apanhar

Certa vez, minha mãe disse que quando vamos ficando mais velhos, o “couro vai ficando grosso”. Mas, ao invés de tomar o lado negativo desse sábio dito popular que consiste em se decepcionar tanto a ponto de não sentir mais, retiro daqui, a nossa capacidade de suportar mais as críticas e interferências no nosso trabalho. Ou seja, aprendemos a “apanhar” e sabemos bem quando as críticas são realmente boas e quando elas são totalmente dispensáveis. É esse aprendizado que nos ajuda a lapidar ideias e limar o que não precisa mais estar ali.

Diga não e encontre o seu horário de criar

Por último, mas não menos importante, o alimento mais nutritivo para a sua vida criativa é: tempo. Você precisa dedicar momentos do seu dia para criar. Portanto, evite assumir excesso de responsabilidades, saiba dizer não e respeite o tempo destinado para criar algo. Certa vez, eu questionei a um amigo como que ele, aos 26 anos, já tinha escrito 3 livros. A resposta foi rápida e certeira: disciplina. E comentou que mesmo quando ele não queria, ele se obrigava a escrever alguma coisa. Aprenda a criar esse momento todo seu e se possível, faça até uma plaquinha: “Mente criativa produzindo. Não entre!” e preserve esse espaço destinado exclusivamente para que a sua vida criativa possa fluir sem interrupções.

“Encontre a sua voz, grite bem alto e continue gritando até que as pessoas certas o encontrem.” – Dan Harmon

Abraços,

André Castilho

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Empreendedores de final de semana

By | André Castilho, empreendedorismo

Créditos da foto: Stephanie McCabe sob licença do Unsplash

Mais um final de semana. Mais uma chance de começar aquele projeto que vai te libertar da prisão do emprego que você odeia. 

Por André Castilho

Sexta. Happy hour da firma. Sem o chefe. Gravata desapertada, terno pendurado no encosto da cadeira, sachê de ketchup arrastando na batata frita. Os colegas de baia unidos, tomando cerveja, contando vantagem, compartilhando frustrações, vomitando os sapos da semana, contando um segredo sobre uma suposta conversa do presidente na cabine do lado no banheiro que vocês precisam prometer que não vão contar pra ninguém, esbravejando discursos carregados de verdades a serem ditos no RH no dia em que ganharem na mega-sena. Você entra no jogo: ri, abraça, faz piada, fala mal dos outros. Mas você não se sente um deles. Ao contrário desses fracassados sem futuro nem esperança, mergulhados em puro desespero, você está sereno como um monge meditando em uma colina do Himalaia. Porque por trás da interface do amigão boa praça, você guarda um segredo que te separa dos demais mortais do seu departamento. Ao contrário deles, você tem um plano B. Que será botado em prática amanhã. O garçom traz mais uma.

Sábado. Você prometeu a si mesmo acordar bem cedo para finalmente começar a tirar do papel o tal plano: ter um negócio próprio. Não só próprio, como revolucionário. Mas a ressaca de ontem roubou a sua manhã e você tem um almoço marcado há um mês com a família da sua esposa. Enquanto te serve o bacalhau, seu sogro faz perguntas investigativas sobre seu emprego, tentando definir se você é ou não um homem de sucesso. Você toma cuidado para não engasgar com a azeitona. Você ganha uma palestra grátis sobre as responsabilidades de um chefe de família, sobre a importância de se ter estabilidade no emprego, sobre os sacrifícios que devem ser feitos para subir na vida. Seu cunhado desempregado interrompe a conversa para contar sobre a mais nova ideia que teve para ficar rico, mas ninguém dá bola e você sente pena do pobre coitado, porque sabe que ele jamais vai botar em prática nenhuma das ideias que chegam a ser infantis de tão rasas. Por um súbito instante, um gelo toma sua alma e você se enxerga naquele homem. Bobagem. Você tem um emprego. A sua ideia é infinitamente superior. Além do mais, você tem um plano inteiro traçado na sua cabeça.

Domingo. Você acorda disposto e feliz porque, na madrugada anterior, terminou de assistir a última temporada da série que comeu todo o seu tempo nos últimos 4 finais de semana. Finalmente, você está totalmente mindfullness para trazer para o plano da matéria o seu novo negócio. Se você focar todos os finais de semana – tirando o carnaval (porque até Deus é brasileiro), o feriado que você vai aproveitar pra visitar seus parentes (sua avó não vai durar para sempre) e o final de semana emendado com o seu saldo do banco de horas (você achou um pacote imperdível pro Nordeste) – em poucos meses você estará pronto para dar o pulo do gato, pedir as contas daquele emprego miserável e botar todo o seu potencial enquanto ser humano holístico a pleno vapor, sendo dono do seu próprio negócio.

O telefone toca e você pensa duas vezes antes de atender. É o seu amigo de infância te chamando pra almoçar junto com a rapaziada das antigas. Você diz que não pode, porque tem que trabalhar em cima de um projeto, mas ele te chantageia dizendo que você é sempre ocupado para os amigos, que a vida vai passar e você só pensou em trabalho. Você negocia com você mesmo e conclui que tudo bem adiar o seu sonho por algumas horas, que depois você compensa com foco total.

Tem fila de espera no restaurante, mas tudo bem, seus amigos já inauguraram o balde de cerveja na beira da calçada. Você promete que vai beber só um pouco, pra não perder a energia vital produtiva que sentiu ao acordar. Na mesa, todos optam por feijoada, apesar de não ser sábado. Na primeira garfada, a barrinha de energia cai para 30%. Já com a graduação alcoólica satisfatória, você resolve compartilhar a ideia da empresa que vai lançar em breve. A plateia de amigos nem pisca enquanto você conta, com o entusiasmo de um garoto, seu plano de criar uma marca de frutas congeladas in natura. Polpa? Não, não. Manga, banana, carambola, abacaxi, melancia, tirados intactos da natureza, descascados, cortados em nacos, congelados, espetados num palito reflorestado, envelopados numa embalagem descolada com letras coloridas garrafais dizendo “100% fruta e nada mais” e vendidos como se fossem picolés. Você até já tem um nome comercial apelativo: Frutalé. Ou Naturvete, ainda não está totalmente definido. Você esboça o logotipo num guardanapo. Já tinha mais ou menos na sua cabeça. “Genial”, conclui o primeiro amigo. “Ele sempre teve umas ideias diferentes, desde a época da escola”, bem lembra o outro. “Alguém aqui tinha que se dar bem na vida, né?”, diz o terceiro, já vislumbrando o empréstimo que vai te pedir em breve. “Vai revolucionar a indústria de sorvetes e picolés”, profetiza o velho garçom, enquanto pega de volta a caneta para anotar mais uma cerveja. Pronto, agora o seu ego parece um travesseiro da Nasa. Você está confiante e nada pode te parar, porque você tem a aprovação dos caras que você mais considera na vida e que jamais mentiriam para você.

“E aquela máquina de fazer pizza quadrada, não foi pra frente?”, alguém comenta. Aí você lembra que já teve a ideia de vender pizza quadrada. “Eu gostava daquele aplicativo de alugar o wifi para os vizinhos. Esse ia bombar. Unicórnio que chamam essas empresas, né?”. Sua visão fica turva. Você deixa sua parte da conta na mesa e se despede sem dar maiores explicações. Ainda no elevador do prédio, você corre para abrir um perfil no instagram: @frutale. Já existe. @naturvete. Tem 5 seguidores e não postou nada. Você não tem uma terceira opção de nome na manga. Já está anoitecendo. As horas voaram. Você lembra que o horário de verão acabou ontem e pensa que talvez não seja um bom negócio criar uma marca de frutas congeladas em forma de sorvete em pleno outono. Ouvi dizer que vai fazer frio. Você liga a TV. Está começando o show da vida, com o Zeca Camargo te lembrando que o seu tempo de sonhar acabou.

Segunda. Sono. Congestionamento. Esporro do chefe. Reunião sem fim. Café. Fofoca. Relatório na mesa. Call com o cliente. Ainda não é meio-dia e você só pensa no seu plano B. Talvez seja a hora de retomar o projeto da pizza quadrada. Faltam só mais 103 horas para o happy hour de sexta.

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Créditos da foto: Stephanie McCabe sob licença do Unsplash