A criatividade está sempre cercada de mitos e boa parte deles é responsável por colocá-la em um pedestal inalcançável. Aquela lâmpada que acende quando aparecem as ideias geniais nos desenhos animados tem muito pouco a ver com criatividade, por exemplo, e sim, com o início de um despertar, mas que precisa constantemente ser alimentado. Com o que e como você tem alimentado a sua vida criativa?
Bom, deixa eu explicar melhor. Esse lance de iluminação, de inspiração e de ideia genial que vem do nada está muito distante do que a criatividade realmente parece ser, ou precisa ser para que você se torne alguém criativo. E quando eu falo isso, é comum que muita gente se assuste ou até que me ache pretensioso, afinal, eu já trabalho com isso há muito tempo. É como se eu quisesse fazer algo complexo parecer muito simples.
Mas, não se engane, caro padawan: é simples mesmo!
Quando você entender que qualquer criação sua, seja ela qual for, é um filhotinho que precisa ser alimentado constantemente, vai ficar muito mais simples de te mostrar o quanto nós subestimamos o poder do cultivo das boas ideias reduzindo-as a meras fagulhas que demoram a aparecer e que, quando aparecem, devem ser levadas às últimas consequências, quando na verdade não funciona bem assim. Quer ver?
Criatividade é colaboração: uma mente ligada a outras mentes
“Pessoas normais falam sobre coisas, pessoas mesquinhas falam sobre pessoas e pessoas sábias falam de ideias.” – ao buscar essa frase no Google e clicar no Google Imagens, percebi que ela é atribuída a uma série de pessoas: de Leandro Karnal a Clarice Lispector, de Confúcio a Aristóteles. Mas, fique tranquilo, pois todos eles estão cobertos de razão. Diante disso, cabe pensar: qual foi a última vez que você parou para falar sobre as suas ideias? Pois, saiba que falar sobre elas é um dos alimentos mais saudáveis para que elas ganhem novos contornos. Exercite o hábito de compartilhar suas ideias e insights com quem está disposto a te ouvir, tanto para te apoiar, quanto para te criticar. Procure apoiadores e permita que eles possam compartilhar e contribuir. Hoje em dia, isso está ainda mais fácil com a utilização da internet. Não tenha medo de se expor e buscar grupos de discussão que são adeptos do que você acredita. Grandes ideias nascem de outras, pode apostar!
Pratique o desapego das suas ideias e compartilhe
Para compartilhar, contudo, é preciso desapegar. Não dá para se comportar como um acumulador de ideias e dados em um mundo como o nosso, de informações em escala exponencial. Assim como não dá para ser uma máquina-de-spam-ambulante, que só fala e não escuta. O equilíbrio está em compartilhar o que você tem e ouvir o que o outro tem para, a partir daí, surgir algo completamente novo para ambos. Ideias novas não podem e nem servem para enferrujar. Dê a elas o que elas precisam: movimento. A sua criatividade agradece.
Guarde e preserve o seu repositório de ideias
Tá, eu sei que é difícil ter à mão um caderno e uma caneta toda hora. Mas você pode, por exemplo, gravar. Que tal começar a gravar algumas vozes da sua cabeça? Alguns poemas, músicas, observações engraçadas sobre a vida e insights? Você vai se surpreender ao encontrar essas gravações que podem se tornar um repertório bastante produtivo para compor ideias novas. Então, organize o seu repositório, de preferência em um lugar só. Acho que o Evernote, por exemplo, é um ótimo recurso por isso. Dá para guardar áudio, vídeo, foto e o que mais você precisar para alimentar a sua vida criativa. Para quem trabalha com imagens, o Pinterest é, sem dúvidas, um excelente arquivo de referências para desenvolver a criatividade. Enfim, encontre o seu método, seja fiel a ele e cuide com carinho do seu repertório.
Não tenha medo de ser um amador: entusiasmo é contagioso
O mundo está mudando tão rápido que está transformando TODOS em amadores. É como se não pudéssemos mais acompanhar a quantidade de cursos e qualificações necessárias para se tornar um exímio profissional. Por isso, não dá para ter medo de ser “amador” e falar com paixão e entusiasmo do que você gosta e acredita. Não significa, é claro, que você não deva buscar qualificação em determinada área do conhecimento, mas sim, que saiba respeitar o seu tempo e abraçar o desconhecido para descobrir novos hobbies, rotinas e prazeres.
Aprenda a apanhar
Certa vez, minha mãe disse que quando vamos ficando mais velhos, o “couro vai ficando grosso”. Mas, ao invés de tomar o lado negativo desse sábio dito popular que consiste em se decepcionar tanto a ponto de não sentir mais, retiro daqui, a nossa capacidade de suportar mais as críticas e interferências no nosso trabalho. Ou seja, aprendemos a “apanhar” e sabemos bem quando as críticas são realmente boas e quando elas são totalmente dispensáveis. É esse aprendizado que nos ajuda a lapidar ideias e limar o que não precisa mais estar ali.
Diga não e encontre o seu horário de criar
Por último, mas não menos importante, o alimento mais nutritivo para a sua vida criativa é: tempo. Você precisa dedicar momentos do seu dia para criar. Portanto, evite assumir excesso de responsabilidades, saiba dizer não e respeite o tempo destinado para criar algo. Certa vez, eu questionei a um amigo como que ele, aos 26 anos, já tinha escrito 3 livros. A resposta foi rápida e certeira: disciplina. E comentou que mesmo quando ele não queria, ele se obrigava a escrever alguma coisa. Aprenda a criar esse momento todo seu e se possível, faça até uma plaquinha: “Mente criativa produzindo. Não entre!” e preserve esse espaço destinado exclusivamente para que a sua vida criativa possa fluir sem interrupções.
“Encontre a sua voz, grite bem alto e continue gritando até que as pessoas certas o encontrem.” – Dan Harmon
Abraços,
André Castilho
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